POEMA INCOMPLETO
Escrever é inscrever. Escrever para e por dentro. Deixar
marcas, tatuar, deixar um crivo. É crer que as emoções que estão mergulhadas em
nosso oceano interior ocupam um outro lugar, o lugar de quem lê..
Este lugar é acolhedor, é o ninho do saber do Outro.
É o
encontro do dito pelo feito, a junção do que está pronto com o inacabado.
É o
entendimento. É a ponte que une o espaço em branco do incompreendido à
compreensão do que é escrito.
Desenho na folha branca letras que florescem em palavras e emoções
curtas e fortuitas que duram o tempo de um amanhecer.
E tudo é leitura.
Paralisada no meio do caminho está a dúvida que dança e se lança em suaves delírios no corpo inerte do
poema que não se completa...
Quisera ser poeta e voar de mãos dadas com o vento pra
balançar versos a serem compostos.
Quisera permitir a volúpia da imersão desde o poço profundo
do inconsciente ao encontro do som ameno da minha voz, à inquietude que pula na
mente.
Quisera o sossego. O desapego de criar sem dor...
Voz interior, voz de dentro, voz que não cala, mas fala, que
pulsa em busca de seu próprio eco. Mas, o eco é oco, vazio e não se completa...como
não se completa o verso que não ousa nascer...
26.03.2012
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