A única sensação capaz de conter ou mesmo interromper nossa rotina mais rígida é a Dor. A Dor tem um poder e uma força incontrolável sobre o metabolismo do corpo e mente humana.
Em qualquer circunstância dolorosa nos tornamos ínfimos seres à mercê de um gigante tirano e dominador. Dominador ao pé da letra teria um significado contrário equivaleria(neste caso) ao domínio, extermínio da dor? Que estranha e nula equivalência...porém, permanece dominando através de sua força.
Em tudo há explicação. Para tudo encontramos respostas, não necessariamente lógicas, nem mesmo verdadeiras, mas intelegíveis, flexíveis como o bambu que verga-se ao vento.
A dor, ou melhor, as dores, estas que trazem a plenitude da conjugação no plural e a perspectiva de estar compartilhando enquanto escrevo.
As dores são sublimes porque nos levam a reconhecer aspectos profundos de nossa existência.
É através da dor que nos re(voltamos) para dentro de nós mesmos com mais facilidade e, muitas vezes, encontramos respostas, razões e explicações para nossas dúvidas, anseios e angústias.
Na caverna escura ou no sereno lago azul se depositam as expectativas de um mundo sem dor. É nesse lugar mágico que nos recolhemos quando a dor nos assola, é nesse refúgio que buscamos a água do perdão, colhemos as flores da serenidade, buscamos a fonte da paciência para beber da água da sabedoria.
Aprender a suportar a dor como quem colhe uma flor. Com cuidado. Com esmero. Com delicadeza porque sabemos que ela não é para sempre, seu viço/nossa dor profunda vai murchar, suas pétalas/nossas lágrimas secarão. O ciclo vital é inalterável, em todas suas esferas, em todas suas dimensões, nascer-viver-morrer. Em pequena escala, bem menor, a Dor percorre o mesmo processo.
A dor paralisa para mobilizar....este é o movimento, este é o paradigma.
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